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Belo Horizonte, MG, Brazil
Sou uma pessoa simples, que fez da música a razão de viver.

sábado, 20 de março de 2021

Seguindo em Frente

 

Uma grande reviravolta na vida e fomos morar em um sítio distante da cidade.   Eu aprendera a dirigir carros e a conduzir a nossa vida com coragem e muito trabalho.

Alguns anos de trabalho em que eu aprendera a comandar  tudo o que a vida me apresentava. Um coisa é certa, eu sempre me adaptei a tudo o que a vida me apresentava,  se tive que dar uma guinada na vida, eu ia aceitar aprender o novo e assim foi.   Em raros momentos, eu contava minhas mágoas ao velho acordeon, me deleitando com os sons que conseguia tirar dele.  Algumas vezes, procurava um local à beira de um lago, ali sentada com o acordeon, passava um tempo tocando e cantando sozinha, para espantar as mágoas que iam aparecendo.

Tivera dois filhos, até ali, mas o segundo, Deus levou com menos de dois anos, deixando um vazio enorme em meu coração.  Foi difícil suportar, depois de vê-lo correndo pela casa, falando o tempo todo e, de repente adoecer, sofrer tanto e morrer daquela forma.

A tristeza e saudade machucavam demais meu coração, tão jovem ainda, com apenas vinte e dois anos de idade.   Mas ainda tinha um filhinho para cuidar e a vida de muita gente para tocar em frente. 

 


A vida no sítio era um progresso total, muito trabalho e até contratamos um veterinário que visitava tudo uma vez por semana e com ele fui aprendendo a lidar com tudo, até com os humanos, nossos agregados.   Nessa altura, eu tinha uma sala ao lado da casa, onde funcionava uma farmácia e enfermaria.  O sítio ia ficando povoado, eram oito famílias morando e trabalhando lá.

Crianças começavam a aparecer e eu gostava de participar da vida daquelas pessoas.   Me reunia com todos e orientava naquilo que eu já aprendera da vida.


quarta-feira, 10 de março de 2021

Capítulo 5

 

Eu, sem muitos planos ainda, me dedicava a música e, além de trabalhar no escritório, dava aulas de acordeon pela cidade e minha  fama ia se espalhando, apareceram tantos alunos que recebí uma oferta de um grande espaço para montar a escola de música, era um salão da Cia. Vale do Rio Doce, um pequeno clube, onde aconteciam bailes de vez em quando.   Um palco, de um lado do salão, com um grande piano, uma bateria e um contrabaixo acústico.  Ali eu recebia os alunos que foram se multiplicando.   Os velhos músicos da cidade me procuravam para conversar sobre música e tocar o meu acordeom  acompanhando um saxofone ou um violino ou um bandolim. Apesar da minha pouca idade, aqueles senhores de sessenta e setenta anos, falavam a mesma linguagem musical que eu e os assuntos eram intermináveis.  Os saraus na escola eram apreciados pela vizinhança.   Muitas vezes tocávamos na praça, com muita cantoria e o povo se aglomerava para ouvir.

O padre da paróquia próxima lá de casa, queria que eu formasse um coral para a igreja.  Pronto, agora eu já tinha o que fazer da vida.

Mas como a minha história tinha pressa de ser concluída, conheci, lá no escritório o meu futuro parceiro.   Confesso que ele não me despertou grandes emoções naquele primeiro encontro, meu coração estava muito doído para querer qualquer outro sentimento.    Mas ele se interessou e investiu na conquista.  A diferença de idade, vinte anos a mais que eu e outros detalhes, não contribuíam para o desenvolvimento daquela aventura, mas resolvi dar uma chance ao destino e foi assim que ele entrou na minha vida.

Minha família foi toda contra logo de imediato, ele era quase negro, muito mais velho, bebia demais, enfim, nada que eles queriam  para a filha caçula, mas determinação, era uma coisa latente em mim.    Me apaixonei por ele, aceitei um pedido de casamento em cinco meses e me casei antes de completar a maioridade.

Mas quis o destino que tudo fosse diferente e, em pouco tempo conheci um empresário da cidade, que se encantara por mim.

Quando ele apareceu lá no escritório do Seu Barão pela primeira vez, depois que comecei a trabalhar por lá, confesso que nem notei muito a sua presença.   Me explicou, seu Barão, que fazia a escrita da firma dele e por isso ele aparecia lá de vez em quando para saber de algum detalhe.

Depois de me ver por lá, então, passou a frequentar mais o local e, quando saía, seu Barão comentava que ele se encantara comigo.


Eu nem me lembro como tudo começou, mas foram cinco meses entre namoro, noivado casamento.

No primeiro mês de namoro, junto com as alianças ele me deu um belo acordeom de presente e me conquistou, apesar da nossa diferença de idade, ele era 20 anos mais velho que eu.

 

 Também, a vida já me reservara tantas mágoas nos últimos tempos,  que eu nem saberia distinguir qualquer sentimento que não fosse relacionado a música.    Me casei, me tornei mãe, meu acordeon já ficava de lado por falta de tempo para tocar.