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Belo Horizonte, MG, Brazil
Sou uma pessoa simples, que fez da música a razão de viver.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Ter ceiro Capítulo do Livro

 

Algum tempo se passou e meus pais se mudaram para Itabira, papai arranja emprego, Jorge, rapaz feito, também começa a trabalhar e eu vou visitá-los algumas vezes.

A primeira vez que fui a Itabira, viajava a  meu lado um rapaz, a quem perguntei se conhecia o endereço para onde eu deveria ir.   Ele se prontificou a me levar até lá, dizendo que morava por perto.   Eustáquio Félix foi meu primeiro amigo naquela cidade.  Mais tarde, tornou-se o maior colunista social, conferindo a mim um troféu “Cecília Meireles”, pelo meu primeiro livro.  


                                     O troféu Cecília Meireles.
                            Recebendo cumprimentos de Eustáquio Felix
                              Com Eustáquio Felix e Sonia, sua esposa
 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Capítulo 2 do livro : Cantar Porque

 

Pedí a mamãe que me desse o acordeon que ela comprara para meu irmão e ele não quis, para que eu pudesse aprender a tocar e, ela muito contrariada com a atitude do Jorge, me deu o acordeon de presente.

De volta das férias, trazendo meu acordeon, comecei logo a estudar com a professora D. Lolinha.

 

Em pouco tempo eu fazia grande progresso no instrumento e me apaixonei por ele.   O pai de D. Lolinha, minha professora, era um velho saxofonista na cidade e toda vez que me via por lá, estudando o acordeon, corria a buscar seu saxofone para tocarmos algumas valsas juntos.  Eu ainda inexperiente, mas muito interessada, catava as notas para acompanha-lo, mas nos tornamos grandes amigos.

 

No Ginásio, tínhamos aulas de Canto Orfeônico, era como se chamava a matéria música. 

O professor Bastos, marido de D. Lolinha, era quem nos ensinava as primeiras noções de teoria da música.  Era também nosso professor de latim, francês e português.   Gostava muito de compor as canções da escola e sempre chegava com uma melodia nova, que eu tratava logo de aprender a tocar, para fazer bonito na escola.

As amigas inseparáveis da infância

                                                                  A meninada da vizinhança
                                                    Tocando acordeon enquanto a turma tricotava
                                                            Eu e minha irmã, Biseca e meu acordeon

                                                                  Estudando o acordeon

O tempo foi passando, eu sempre com meu acordeon, cantando e me acompanhando, tocando para os amigos e cada vez mais aprimorando meus conhecimentos de música.

Aos 15 anos, tive a permissão de trazer um namorado em casa.   Já estávamos mocinhas, mas, sair de casa, só para ir à missa aos domingos, ir para a escola e, uma vez por ano íamos ao baile no clube, acompanhadas de tias e madrinhas.

O namoro tinha que ser em casa sob os olhares atentos.  Biseca, namorando de um lado e eu do outro.

 

Durou pouco tempo o meu namoro, pois o acordeon ficara entre nós.   Como ele não gostava da minha arte, não foi difícil para mim decidir ficar com o acordeon.

Mas vovó não gostou da ideia, moço bom, de família e eu fazendo tamanha desfeita.  Um sermão que colocava a certeza de que outro não entraria ali, senão eu poderia ficar falada.

Pedi aos meus pais que me levassem com eles por um tempo, afim de acalmar as coisas.  

 

Papai era igual a ciganos, sempre itinerante, morou em várias cidades, mudando a cada proposta de melhorar a vida.

Em Governador Valadares, fui morar com meus pais, onde ficamos durante algum tempo.   Um conjunto de casas geminadas, na Ilha do Governador, lugar bonito, o Rio Doce passando por perto, formava uma prainha onde ficávamos a maior parte do tempo dentro d’água, para espantar o calor quase insuportável.

Lá, encontrei outro professor de acordeon e não perdi tempo.  Continuei aprimorando meus conhecimentos  sobre a música e dominando cada vez mais o meu instrumento.  Mas, meus pais desistem de morar naquela cidade e, mais uma vez retornam a Itabirito.

De volta a Itabirito, ficamos uns dias na casa da vovó, até decidir para onde eles iam mudar.

Nesse meio tempo, papai resolveu visitar uns parentes que ele tinha em Pedro Leopoldo e Matozinhos, eu pedi para ir junto e ele me levou.  Lá, conheci tios, primos e primas.   

 

  

As primas me receberam muito bem, foram amistosas, e quando eu contei sobre o acordeon e o quanto eu estudara de música, uma delas disse que tinha um colégio lá, onde a diretora não conseguia um professor de música, e se propôs a me levar até lá.

Elas mesmas pediram ao meu pai que me deixasse lá por uns dias e assim foi.

No dia seguinte, fomos ao tal colégio conversar com a diretora, que se admirou da minha vontade de ensinar música, pela minha pouca idade.

Naquela época, eu ainda não tinha completado o ginásio, pois com todas as mudanças, ficou difícil poder estudar, mas música, era algo que eu entendia bem.  A diretora me solicitou uma carta de apresentação que comprovasse a minha aptidão para aquele cargo.  

Hoje penso como as coisas eram diferentes naquele tempo, como eu poderia lecionar sem concluir curso, pós graduação e tudo o mais que se exige atualmente.

Muito satisfeita, voltei a Itabirito e fui procurar meus velhos professores, Zé Bastos e D. Lolinha que, não só me deram a tal carta, como me presentearam com alguns cadernos de planos de aula do professor.



 

Voltando aquela cidadezinha, comecei a trabalhar no colégio, onde seguia estudando também. 

Naquela época era tudo muito diferente de hoje em dia, eu com apenas quinze anos, já podia assumir aquela responsabilidade, por não ter quem pudesse ocupar o cargo.

À noite, arranjei alguns alunos de acordeon, particular e ia de casa em casa ensinar.    Quase não tinha tempo nem de comer, mas estava satisfeita com meu próprio progresso.  Os outros primos que moravam na cidade vizinha, Pedro Leopoldo, eram mais amáveis ainda e tanto fizeram que fui morar com uma das primas, casada e as outras moravam por perto.   Dificultou um pouco pra mim por ter que pegar o ônibus para ir trabalhar  e voltava só quase à noitinha.  Carinhosamente a prima Neusa fazia um prato de comida e deixava no canto do fogão para quando eu chegasse poder jantar.   Mesmo assim , arranjei mais alunos de acordeon, me esforçava muito, mas estava feliz.